Mudança cria regra de transição pela qual, nas eleições de 2018, os
mandatos de deputados (distritais, estaduais e federais), de
governadores e de presidente da República ainda serão de quatro anos.
O
Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10), por
348 votos a 110, o mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos. A
mudança, prevista em emenda aglutinativa à proposta da reforma política
(PEC 182/07, do Senado), cria uma regra de transição pela qual, nas
eleições de 2018, os mandatos de deputados (distritais, estaduais e
federais), de governadores e de presidente da República ainda serão de
quatro anos.O mandato de prefeitos e vereadores eleitos em 2016 também
continuará a ser de quatro anos. Essa definição teve o voto favorável de
419 deputados e 8 contra. Assim, apenas em 2020 valerá o mandato de
cinco anos nas eleições municipais e em 2022 para as eleições gerais.
No
caso dos senadores, aqueles eleitos em 2018 terão nove anos de mandato
para que, em 2027, as eleições gerais sejam com mandatos de cinco anos
também para o Senado. O mandato atual de senadores é de oito anos.
Eleições coincidentes
Após
aprovar o mandato de cinco anos, o Plenário rejeitou, por 225 votos a
220, emenda que previa a coincidência das eleições municipais e gerais.
Dessa forma, pelo fato de o mandato passar a ser um número ímpar, haverá
pleitos a cada dois ou três anos: em 2016 (municipais), 2018 (gerais),
2020 (municipais), 2022 (gerais), 2025 (municipais), 2027 (gerais), 2030
(municipais) e sucessivamente.
Havia outras emendas que
propunham mandatos maiores (seis anos) ou menores (dois anos) para
prefeitos e vereadores a fim de fazer coincidir as eleições.
Entretanto, com a rejeição da tese da coincidência, elas foram prejudicadas e não chegaram a ser votadas.
Debate em Plenário
A
proposta de mandatos de cinco anos recebeu apoio e críticas em
Plenário. O deputado Danilo Forte (PMDB-CE) defendeu a medida. Para ele,
o prazo de quatro anos é muito curto para cumprir as promessas de
campanha, sobretudo no Poder Executivo. “Aquele projeto que fez a
comunidade eleger aquele prefeito, aquele governador, vai se exaurir
porque não houve tempo de cumpri-lo”, disse.
Para Forte, a
burocracia exigida para aprovar projetos, licenciamentos e fazer
licitações inviabiliza a conclusão de programas de governo em quatro
anos. “Antes de pensar na coincidência de mandatos, primeiro precisamos
pensar em um tamanho razoável de mandato para uma boa administração e
execução pública. Esse mandato é de 5 anos.”
O deputado Caetano
(PT-BA) também defendeu a ampliação dos mandatos para cinco anos. “Com o
fim da reeleição, os mandatos de quatro anos funcionam como morte
súbita para essa geração de políticos executivos no País”, disse.
Por
outro lado, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticou o aumento do
mandato dos deputados federais. “O que está acontecendo de fato é que
nós estamos aumentando nossos mandatos, criando um problema para o
Senado, que terá mandato de cinco anos”, disse.
Coincidência de eleições
O líder do
DEM, deputado Mendonça Filho (PE), também criticou a medida. “É
insensato nós votarmos um mandato de cinco anos para todos os cargos e a
coincidência de eleições nacionais e locais”, disse Mendonça Filho.
Segundo
ele, não se pode falar em coincidência de eleições em um País em que
muitos eleitores chegam à urna ainda procurando por um candidato. “Ou
seja, ficariam prejudicadas questões locais ou questões nacionais na
escolha do cidadão brasileiro”, disse Mendonça Filho.
Para o
deputado Bacelar (PTN-BA), a coincidência das eleições traria confusão
para o eleitor, que teria dificuldades de decidir sobre assuntos
nacionais e regionais. “Lógico que a temática nacional vai se sobrepor a
questões locais”, disse.
O deputado Roberto Freire (PPS-SP)
também criticou a coincidência das eleições. Segundo ele, não há país
democrático que coloque as eleições municipais junto com eleições
nacionais. “É conflitar os interesses do País com os interesses locais”,
afirmou.
Custo menor
Em sentido
contrário, o deputado Danilo Forte disse que a coincidência das eleições
daria racionalidade e reduziria o custo das campanhas eleitorais. “Os
custos das eleições são um absurdo”, disse.
Já o líder do
Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que a eleição ao mesmo tempo
para 11 cargos públicos prejudicaria o debate político. “O argumento de
reduzir custos apequena o compromisso com a democracia. Podemos fazer
isso de outra forma, por exemplo, estabelecendo limite para os gastos de
campanha”, afirmou.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, espera
concluir a votação da reforma política nesta quinta-feira (11), em
primeiro turno. Ele prevê a votação em segundo turno na primeira semana
de julho.
por Agência da Câmara
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