A comissão especial da
Câmara dos Deputados que discute o impeachment da presidente Dilma
Rousseff ouvirá hoje os autores do pedido de afastamento da petista, os
juristas Miguel Reale Junior e Janaina Paschoal. Após entendimento do
presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), com o relator,
deputado Jovair Arantes (PTB-GO), ficou acertado que o depoimento será
na tarde de hoje, em sessão marcada para as 16h30. Governistas defendiam
a oitiva para a próxima semana, a fim de aumentar os prazos do
processo. De acordo com o calendário atual, a previsão é que o
impeachment vá ao plenário em menos de 15 dias.
Com a notificação da
presidente em 17 de março, está em andamento o prazo de 10 sessões
plenárias para entrega da defesa da petista. Como o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem convocado sessão de segunda a
sexta-feira, a previsão é que essa etapa se encerre no próximo dia 4. A
partir daí, Jovair tem até cinco sessões plenárias para entregar seu
relatório, de forma que, em 11 de abril, o texto possa ser apreciado
pela comissão. Independentemente do resultado, ele vai a plenário, onde
precisa de 342 votos contrários a Dilma para que o processo siga para o
Senado.
No dia seguinte à
votação no colegiado, o resultado é publicado no Diário Oficial da
Câmara e, após 48 horas, o texto é incluído na ordem do dia da sessão
plenária seguinte, de acordo com o Artigo 218 do regimento da Câmara. O
artigo 22 da Lei do Impeachment (Lei nº 1.079 de 1950) previa prazo de
10 dias para diligências durante a tramitação em plenário, mas esse
trecho perdeu eficácia após o impeachment de Fernando Collor de Mello,
devido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) à época, de acordo
com especialistas em regimento consultados pela reportagem.
Como cada partido tem
direito a se expressar em plenário, a previsão de Cunha é que a votação
se estenda por três dias. “A sessão de votação do impeachment não é uma
sessão de um dia. Vai levar de dois a três dias. A Lei nº 1.079 fala que
representantes de cada partido cada um falarão por uma hora. São 27
partidos”, afirmou. Ele lembrou ainda que parlamentares podem se
inscrever para falar e que, a cada sessão, os líderes podem usar os
tempos a que têm direito.
Depoimentos
Os depoimentos dos
juristas na comissão têm objetivo de esclarecer, e eventuais denúncias
contra a petista que não estejam no processo em tramitação não serão
considerados. Em outra sessão, serão ouvidos o ministro da Fazenda e
ex-titular do Planejamento Nelson Barbosa e o professor de direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Lodi Ribeiro,
indicados pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Ele reivindicou,
contudo, que os depoimentos só aconteçam após a entregue da defesa de
Dilma, prevista para segunda-feira. “Esse debate só poderia ser
realizado findas as 10 sessões (prazo de defesa de Dilma)”, defendeu. O
petista estuda entrar com uma reclamação no Supremo devido à data.
Durante a sessão, o deputado Julio Lopes (PP-RJ) criticou a presença de manifestantes contrários ao impeachment e acusaram deputados governistas, como a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) de usarem funcionários da Câmara para esta função. “Pagos pelo contribuinte não têm o direito de estar aqui”, afirmou. “É um absurdo querer criminalizar a atuação de funcionários. Não tem desvio de função. Vossa Excelência também recebe (do contribuinte) e está cumprindo sua função”, rebateu Jandira.
(Correio Braziliense)
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