O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, determinou
abertura de procedimento para apuração preliminar de planilhas da
Odebrecht apreendidas na Operação Lava Jato com nomes de políticos que
teriam recebido doações da empreiteira.
Com a decisão de Teori, o
material será analisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, que decidirá se pede ou não ao STF a abertura de inquéritos
contra políticos citados.
Os documentos foram apreendidos na casa
do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva
Junior, o BJ, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de
Acarajé. As planilhas citam pelo menos 200 políticos de
diversos partidos, com e sem foro privilegiado, que teriam recebido
repasses da empresa. Entre os nomes aparece o do ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB).
Roseana
é citada como beneficiária de pagamentos da ordem de R$ 540 mil,
ocorridos no dia 14 de setembro de 2010, durante a campanha eleitoral.
Ela aparece com o codinome “princesa”. A Lava Jato não confirma se os
repasses ocorreram de forma ilegal, mas na prestação de contas
eleitorais da ex-governadora não estão listadas transferências desses
valor no dia 14 de setembro. Nem mesmo por meio do comitê financeiro
único ou do diretório nacional do PMDB.
O ex-presidente Sarney
também é apontado como beneficiário de repasses da Odebrecht, no valor
de R$ 100 mil. Para Sarney, que é identificado com “escritor”, a
transferência teria ocorrido em São Luís. Contudo, a data do possível
repasse não é apontada pela planilha da empreiteira.
Durante a 23ª
fase da Lava Jato, os policiais federais descobriram um esquema
paralelo de repasses de propina a diversos políticos. As planilhas fazem
referência basicamente às eleições de 2010, 2012 e 2014. Segundo a PF,
os valores repassados para os políticos citados na lista ultrapassariam
os R$ 55 milhões.
Departamento de propina
ATUAL7 PARCEIRO$Trechos em que Aderson Lago e Haroldo Saboia são arrolados na ‘Relação de Parceiros’ da Odebrecht
Ao
determinar a abertura preliminar de investigações nas planilhas da
Odebrecht, Teori Zavascki também decidiu devolver ao juiz federal Sérgio
Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância,
duas investigações que haviam sido remetidas ao Supremo em razão das
planilhas que citam políticos com foro: os processos da Operação Acarajé
e da 26ª fase, chamada de Xepa – que teve como foco a descoberta do
“Setor de Operações Estruturadas”, um departamento exclusivo dentro da
empreiteira para o gerenciamento e pagamento de propina.
No farto
material apreendido na Xepa, também por meio de codinomes, aparecem o
senador Edison Lobão (PMDB-MA), chamado de ‘Sonlo’; o ex-senador
Epitácio Cafeteira, que teve apenas o epíteto ‘Epi’ colocado como forma
de identificação; o ex-deputado Neiva Moreira (morto em 2012), apelidado
de ‘Noivo’; o ex-deputado federal Jaime Santana, chamado ‘Jason’; e,
novamente, a ex-governadora Roseana Sarney, que aparece na lista com o
nome de casada Roseana Murad, e como ‘Princesa’. O deputado federal
Sarney Filho, apelidado de ‘Filhote’, e o empresário Fernando Sarney,
apelidado como ‘Filhão’, também aparecem na lista.
Nem mesmo políticos conhecidos por discurso pelo discurso da suprema moralidade escaparam da lista, como
o ex-presidente estadual do PSOL e candidato derrotado ao Senado em
2014, Haroldo Saboia, e o ex-deputado estadual Aderson Lago (SD) – pai do secretário de Transparência e Controle do Maranhão, Rodrigo Lago.
Saboia
aparece na lista relacionado a outro nome, o do ex-prefeito de
Barreirinhas, Albérico Filho (PMDB). Ambos estão como recebedores da
DGU, que é a diretoria geral da Odebrecht, e são identificados
como ‘Bonecas’. Aderson Lago, por sua vez, aparece na
relação ‘Saneamento Imperatriz’, identificado como ‘Cisne’.
Com
páginas datilografadas e outras escritas à mão, o material estava sob
responsabilidade de uma funcionária da Odebrecht. Os codinomes para os
receptores dos pagamentos só foram decifrados por meio de outra relação
encontrada junto à documentação, chamada de ‘Livro de Códigos’, e
continha uma lista com o nome ‘Relação de Parceiros’.
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