Senadores aprovaram instauração de processo por 55 votos a 22. Presidente fica afastada por até 180 dias enquanto é julgada no Senado.
O plenário do Senado Federal aprovou às 6h34 desta quinta-feira (12) a
abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff por 55
votos a favor e 22 contra. Com a decisão, ela fica afastada do mandato
por até 180 dias. O vice-presidente Michel Temer deve assumir com o afastamento de Dilma.
O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL)
não votou – ele só votaria em caso de empate. Dois senadores, de
licença médica, se ausentaram: Jader Barbalho (PMDB-PA) e Eduardo Braga
(PMDB-AM). A sessão começou às 10h desta quarta-feira (11) e seguiu ao
longo do dia e da noite.
Os senadores maranhenses Roberto Rocha (PSB) e Edison Lobão (PMDB) se posicionaram à favor do impeachment. João Alberto (PMDB) foi contra.
Os senadores maranhenses Roberto Rocha (PSB) e Edison Lobão (PMDB) se posicionaram à favor do impeachment. João Alberto (PMDB) foi contra.
Senadores a favor do impeachment aplaudem após a votação que decidiu pela admissibilidade no Senado Federal, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters) |
Segundo Renan informou após o resultado da votação, a presidente vai
manter, no período em que estiver afastada, o direito à residência
oficial do Palácio da Alvorada, segurança pessoal, assistência saúde,
remuneração, transporte áreo e terrestre e equipe a serviço do gabinete
pessoal da Presidência.
Agora, o Senado
passará a colher provas, realizar perícias, ouvir testemunhas de
acusação e defesa para instruir o processo e embasar a decisão final. O
julgamento será presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ricardo Lewandowski, que também comandará a Comissão Processante
do Senado.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai esperar sua sucessora, Dilma Rousseff, em frente ao Palácio do
Planalto nesta quinta-feira (12), quando a presidente deve deixar seu
gabinete e para cumprir seu afastamento do cargo por até 180 dias.
Foi conselho de Lula que a presidente
não descesse a rampa do Planalto, como era a ideia inicial. Segundo ele,
esse seria um ato de “fim de governo” e Dilma precisa mostrar que
“resistirá até o fim” do processo.
Segundo a Folha apurou, Dilma sairá do
Planalto pela porta principal, no térreo, acompanhada de ministros e
assessores. Em seguida, encontrará Lula, parlamentares da base aliada e
militantes do PT e de movimentos sociais que vão estar em frente ao
prédio e devem caminhar por 5 km até o Palácio da Alvorada.
Dilma não vai participar da marcha. Deve
caminhar apenas até a lateral do Planalto, onde um comboio de carros
vai aguardá-la e levá-la à residência oficial da Presidência.
Ainda não está definido, porém, se Lula deve participar da caminhada ou seguir ao Alvorada também de carro, com Dilma.
De Saída…
Nesta tarde, a presidente Dilma Rousseff grava um discurso à nação que pode ser seu último pronunciamento no cargo.
A intenção é reforçar o tom do Palácio
do Planalto de que o impeachment é um “golpe” e de que o governo ainda
tem expectativa de reverter a decisão na análise final processo de
afastamento.
Saiba quais serão os próximos passos da tramitação do processo de impeachment no Senado:
INSTRUÇÃO PROBATÓRIA
>> Será concedido à presidente um prazo de, pelo menos, 20 dias para apresentar a sua defesa – o prazo será fixado pelo presidente da comissão especial, senador Raimundo Lira (PMDB-PB).
>> Nessa fase, acusação e defesa poderão pedir a convocação de testemunhas, a realização de perícias e o envio de documentos que acharem adequados, como pareceres do Tribunal de Contas da União. Não há prazo definido para essa etapa. Por se tratar de um processo judiciário, o comparecimento das testemunhas convocadas é obrigatório – sob pena de serem conduzidas coercitivamente.
>> No final dessa etapa, a presidente Dilma Rousseff poderá ser interrogada. Ainda não está definido, mas é possível que se abra um prazo de até 15 dias para as alegações finais da acusação e mais 15 dias para as alegações da defesa – nenhum fato ou argumento novo poderá ser inserido.
>> A partir daí, haverá um prazo mínimo de dez dias consecutivos para que o relator apresente um parecer sobre a procedência ou a improcedência da acusação e para que a comissão vote – dentro desse período.
>> Para ser aprovado, esse parecer, que passa a ser chamado de parecer de pronúncia, necessita de maioria simples. Se isso ocorrer, considera-se procedente a acusação e começa a fase de julgamento. A decisão será lida na sessão seguinte do plenário do Senado, e o parecer, publicado no "Diário Oficial do Senado".
>> Esse parecer deverá ser submetido ao plenário do Senado em até 48 horas. No plenário, ainda não está definido se a acusação e a defesa terão 30 minutos cada para se pronunciar. Deverá, então, ser concedido prazo, provavelmente de 15 minutos, para que cada um dos 81 senadores se manifeste, o que poderá levar cerca de 20 horas e meia.
>> Para a votação valer, precisam estar presentes à sessão pelo menos 41 dos 81 senadores (maioria absoluta). Para que o parecer seja aprovado, é necessária maioria simples dos senadores presentes – metade mais um. A sessão será presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que passa a ter o nome oficial de presidente do Senado como órgão judiciário.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, poderá votar como qualquer outro senador nesta segunda votação.
>> Uma vez aprovado o parecer, as partes serão notificadas. Deverá ser concedido um prazo aos autores da denúncia para que apresentem em até 48 horas uma peça chamada no jargão jurídico de libelo acusatório, que nada mais é do que uma consolidação das acusações e provas produzidas. Eles também deverão apresentar um rol de testemunhas.
>> Em seguida, a defesa terá 48 horas para apresentar uma resposta, chamada no jargão de contrariedade ao libelo, além do rol de testemunhas. Todo o processo é encaminhado para o presidente do Supremo, a quem caberá marcar uma data para o julgamento e intimar as partes e as testemunhas. Deverá ser respeitado um prazo mínimo de dez dias para se marcar o julgamento. Se o parecer no plenário do Senado for rejeitado, o processo é arquivado e a presidente reassume o cargo.
JULGAMENTO FINAL
>> As partes podem comparecer pessoalmente ao julgamento ou serem representadas por procuradores. Poderão ser convocadas testemunhas, que serão interrogadas pela acusação, defesa e pelos senadores, que assumem o papel de juízes. No entanto, as perguntas dos parlamentares não serão feitas diretamente por eles. Elas terão que ser encaminhadas para Lewandowski para que ele faça as indagações.
>> O número de testemunhas e o tempo dos depoimentos ainda precisarão ser definidos. Ainda há previsão, segundo a Secretaria-Geral da Mesa do Senado, de realização de debates orais, embora não esteja definido quem exatamente poderia falar.
>> Depois disso, as partes se retiram da sessão para discussão entre senadores – não está definido quanto tempo cada um terá para se manifestar. O presidente Ricardo Lewandowski elaborará um relatório, que é diferente de um parecer, pois não haverá juízo de valor.
>> Em seguida, acontece a votação nominal. Os senadores serão chamados ao microfone para responder “sim”, “não” ou “abstenção” à seguinte pergunta: “Cometeu a acusada Dilma Vana Rousseff os crimes que lhe são imputados, e deve ser ela condenada à perda de seu cargo e à inabilitação temporária, por oito anos, para o desempenho de qualquer função pública, eletiva ou de nomeação?”
>> Não há definição de como será a ordem de chamada – caberá ao presidente Lewandowski decidir essa questão. Para ser aprovado o impeachment, são necessários os votos de pelo menos dois terços dos senadores (54 votos).
>> Caso o impeachment seja aprovado, Lewandowski lavra a sentença, que é publicada no "Diário Oficial". Dilma é então notificada, perde o mandato e fica inelegível por oito anos. O processo é, então, encerrado. Se rejeitado o impeachment, o processo é arquivado e a presidente da República reassume.
Do G1, Brasília
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